A importância da limpeza de embalagens recicláveis

por André Demétrio

A última pesquisa nacional do IBGE sobre o saneamento básico (2008) apresenta números da destinação do lixo no Brasil, onde 50,8% vão para lixões a céu aberto sem nenhum controle, degradando o meio ambiente e espalhando doenças. Um potencial jogado fora de forma indevida, excluindo a possibilidade de reutilizar ou reaproveitar esses resíduos.

A reciclagem é uma forma de diminuir o volume de material indevidamente descartado e custos com a produção de novas embalagens, que envolvem a busca por novos recursos (matéria-prima) e uma cadeia de investimentos que são jogados fora, contribuindo para um contexto que sobrecarrega ainda mais uma questão delicada no Brasil: o saneamento.

Por motivos de higiene e saúde – e para que a reciclagem funcione – essas embalagens precisam ser limpas para separar a parte orgânica, que em decomposição atrai animais e insetos, misturando-se a milhares de outras embalagens descartadas com potencial para transmitir doenças. A limpeza não significa essencialmente lavar a embalagem como uma louça, mas sim, passar uma água até que o resíduo orgânico seja eliminado. O gasto com água aqui é ínfimo se compararmos com todo o processo de fabricação de uma nova embalagem.

Vale lembrar o tempo de decomposição de alguns materiais recicláveis:

Plástico: 450 anos;
Lata de conserva: 100 anos;
Lata de alumínio: até 500 anos;
Vidro e pneus: indeterminado.

Indústria se une pelo reaproveitamento do vidro

Com uma produção anual de 980 mil toneladas de embalagens de vidro, estima-se que o Brasil reaproveite apenas 47% desse material. A indústria do vidro e setores interessados no reaproveitamento desses recursos movimentam-se para mudar esse quadro.
A Abividro, associação que reúne os fabricantes de vidro, pretende gerenciar a logística reversa desses resíduos, já seguindo a orientação da Política Nacional de Resíduos Sólidos. A proposta foi encaminhada à Associação Brasileira de Embalagem, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e uma grande lista de segmentos industriais.
Grandes fabricantes de vidro utilizam os cacos na composição de seus produtos, a Owens-illinois do Brasil utiliza 150 mil toneladas de caco de vidro por ano em sua produção. Algumas fábricas da Verallia, do Grupo Saint-Gobain trabalham com 80% do vidro reciclado.


Segundo o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte, a indústria só precisa se unir: “Para o reaproveitamento desses materiais, existem cadeias que funcionam de uma forma não organizada. Se trabalharmos em conjunto, teremos ganhos de produtividade, preço e escala que serviriam para aumentar os índices de reciclagem”.
Confira aqui os números da reciclagem de vidro na Europa.

Reciclagem de pára-brisas
De acordo com estudos do Instituto Autoglass Socioambiental de Educação (IASE), apenas 5% dos vidros automotivos são reutilizados. Para ser reciclado, o pára-brisa passa por um processo onde é retirada a tela de PVB (polivinil butiral), um polímero que garante a segurança e não espalha os estilhaços durante a quebra. Atualmente a Autoglass recolhe cerca de 1.440 toneladas de vidros automotivos por ano.

fonte: brasileconomico