Cortar fuligem minimiza aquecimento

por Claudio Angelo

reportagem publicada na Folha dia 17/12/11

via IHU

Enquanto os governos procrastinam até 2020 para começar a resolver a crise do clima, um grupo de pesquisadores apontou uma maneira de retardá-la. Eles afirmam que medidas simples podem abaixar a temperatura global em 0,5°C até 2050. As ações atacam emissões de fuligem (carbono negro) e de metano, que ficam pouco tempo no ar, mas ajudam a esquentar o planeta. Essas substâncias são conhecidas conjuntamente como forçadores climáticos de vida curta, ou SLCFs, na sigla em inglês. O combate a elas tem a vantagem de não depender de acordos internacionais complicados e de não enfrentar lobbies poderosos. Além disso, tem dois efeitos colaterais desejáveis: salva vidas em países pobres e beneficia a agricultura. Isso porque a fuligem, produzida em fogões a lenha na África e por ônibus e caminhões na Ásia, é uma causa importante de mortes por complicações respiratórias.

O metano, por sua vez, é um dos precursores do ozônio troposférico, um poluente que é tóxico para humanos – mas também para plantas. Um relatório lançado com pouco alarde pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), durante a conferência do clima de Durban, identificou um pacote de 16 ações para combater esses poluentes. Se implementadas até 2030, elas poderiam evitar, por ano, 2,4 milhões de mortes e perdas agrícolas de 32 milhões de toneladas. Além disso, poderiam ajudar a atrasar por algumas décadas a elevação da temperatura global de 2,5°C a 4°C neste século -resultado que a conferência de Durban não fez nada para evitar. “Os SLCFs não são parte da negociação, mas eles são relevantes, porque nos ajudam a recuperar parte do tempo perdido”, disse o diretor-executivo do Pnuma, o alemão Achim Steiner.

PLATAFORMA

A Plataforma de Durban, principal resultado político da conferência do clima, propõe que um acordo global contra o CO2 entre em vigor em 2020. Nessa data, porém, a ciência diz que as emissões deveriam estar chegando ao pico para que haja alguma chance de ficar nos 2°C. E, segundo os climatologistas, o aumento de 2ºC é o máximo que o planeta suporta antes que a mudança climática alcance níveis considerados perigosos.

O novo estudo do Pnuma aponta que as medidas de combate aos SLCFs podem ser adotadas por legislações domésticas; muitas delas já existem, como as normas europeias de emissão de particulados por veículos. Outras são ações simples, mas com um impacto grande. Trocar os fogões a lenha ou a carvão na zona rural da África e Ásia por fogões a gás, álcool ou biomassa de queima limpa – coisa que já vem sendo feita em maior ou menor escala por diversos programas- pouparia em 2030 a emissão de 1,8 milhão de toneladas de fuligem/ano.

É a ação isolada dentre as 16 listadas que mais ajudaria a salvar vidas e a reduzir a temperatura do planeta, já que a fuligem deixa a atmosfera mais escura e aumenta a absorção de calor. Segundo Joe Alcamo, coordenador do relatório, metade das ações listadas tem custo zero ou produz ganho líquido (ao aumentar a eficiência da economia). “Acreditamos que com essas propostas podemos estar abrindo a melhor esperança de ficar abaixo do cenário de 2°C em 2020”, disse Steiner.

350.org

por André Demétrio

O 350.org é uma iniciativa liderada pelo escritor e ambientalista Bill McKibben, que possui várias publicações relacionadas ao meio ambiente e um dos primeiros livros que abordaram o aquecimento global: The End of Nature, 1989.

Cientistas e pesquisadores definiram o número 350 ppm (partes por milhão) como nível máximo de dióxido de carbono na atmosfera. Acima disso nosso ecossistema está sujeito aos impactos ambientais irreversíveis provocados pela concentração de CO², que bloqueia a saída do calor e dificulta a “respiração” da Terra. Hoje esse nível está em 393 ppm. O acúmulo do calor provoca uma série de sintomas e problemas discutidos intensamente hoje em dia, um dos mais evidentes e nítidos é o derretimento das calotas polares, visíveis por satélites da NASA como na imagem abaixo:

Em outubro de 2010 houve um grande evento coordenado (10/10/10), quando 188 países promoveram uma mobilização geral sobre o assunto divulgando e compartilhando o número 350 e sua mensagem através de fotos e símbolos. Em dezembro, a ação 350 EARTH contou com grandes símbolos visíveis por satélites. A consciência mundial aliada a uma ação organizada tem a intenção de alertar políticos e governos sobre um assunto chave para nosso futuro. No ano passado nessa mesma época houve o COP16 no México.

Países ricos concordam em contribuir em forma de empréstimo, com a justificativa de que esse valor será revertido em economia aos países em desenvolvimento. O Brasil e demais países falam em doações, pois concordam que os maiores responsáveis pelo cenário atual são os países mais ricos e industrializados. O debate político será longo mas podemos contribuir, o 350.org está provando isso de forma artística e conjunta. Para ver mais fotos, acesse o Flickr da ação e inspire-se.


Malé, Maldivas


São Carlos, São Paulo


Wellington, Nova Zelândia

Para 2011 um grande evento está marcado para setembro. Se você quer participar ou obter maiores informações sobre o 350.org, como soluções para diminuir o número atual, datas de eventos mundiais, material educativo, didático e comercial está disponível no site em diversas línguas com todos os detalhes dessa importante ação: www.350.org

Confira abaixo o vídeo promocional: