Setor automotivo recicla apenas 2% das peças quebradas

via portal Exame

O mercado automotivo está em constante crescimento no Brasil. Somente em São Paulo, são quase sete milhões de carros circulando diariamente pela cidade. No entanto, o setor de reciclagem automotiva permanece em baixa, com índice de apenas 2% de peças quebradas sendo recicladas.

Mesmo com a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga os produtores a darem a destinação correta às embalagens e outros resíduos, como os pneus, não existe uma legislação que obrigue o mesmo cuidado com as peças automotivas.

O resultado desta falta de controle são peças espalhadas em terrenos baldios ou em ferros velhos. Na Europa e nos Estados Unidos, conforme reportagem divulgada pelo G1, a reciclagem automotiva é obrigatória, mas no Brasil isso ainda é um problema que aumenta os índices de contaminação ambiental.

O diretor de meio ambiente da Federação das Indústrias de São Paulo, Nelson Pereira dos Reis, informa que o descarte inadequado de peças também gera problemas para a saúde pública. Isso porque muitos metais se oxidam ou, em alguns casos, contêm materiais contaminantes.

Cada parte do automóvel pode servir para uma indústria de reciclagem específica. O ferro e o aço, por exemplo, têm como destino as siderúrgicas, que transformam o material em novas chapas de aço, que posteriormente podem ser usadas na própria fabricação de automóveis.

O plástico também pode ser triturado e comercializado para indústrias que produzem baldes, cabides, conduítes ou mesmo na fabricação de carros. As baterias geram grande interesse por parte da indústria de chumbo.

Mesmo que existam muitas alternativas no que diz respeito à reciclagem de equipamentos automotivos, o interesse e a difusão deste mercado ainda são muito baixos no Brasil, não passando do índice de 2%. Para que esse cenário melhore é preciso contar com a participação efetiva de toda a indústria envolvida com esse setor, a começar pelos fornecedores e fabricantes, até especialistas em reciclagem.

Indústria brasileira paga 50% a mais por energia que média mundial

11/08/11
por Vanessa Barbosa
via Exame

O preço das tarifas de energia elétrica tem sufocado a indústria nacional. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a tarifa média de energia elétrica paga pela indústria brasileira é de R$ 329 por megawatt-hora (MWh), quase 50% a mais que a média mundial de R$ 215,50. A pesquisa considera os dados de 27 países disponíveis na Agência Internacional de Energia.
A diferença chega a 134% quando se compara o Brasil com os demais países emergentes dos Brics (Rússia, Índia e China), que pagam em média R$ 140,70. O país também tem custos mais elevados para geração, transmissão e distribuição de energia do que seus principais parceiros comerciais. Enquanto por aqui, o MWh sai por R$ 165, nos Estados Unidos ele é de R$ 124,7 e, na China, de R$142,4. Na Argentina, o custo cai quase pela metade em relação ao Brasil, chegando a R$ 88,1.
“O maior impacto das altas tarifas é no preço final dos produtos, tanto no mercado interno quanto no mercado externo”, diz Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan. “Com isso, a indústria brasileira perde competitividade frente aos seus concorrentes internacionais”.

Recordista de encargos

Um componente que torna a modicidade tarifária uma realidade distante do setor são os 14 encargos, que respondem por 17% da tarifa final de energia elétrica da indústria, destaca o estudo. Só os tributos federais e estaduais PIS/COFINS e ICMS, respectivamente, representam em média 31,5% do preço das tarifas. “Sob qualquer ótica, o nosso custo de geração, que deveria ser baixo, pela vantagem de termos muitas hidrelétricas, ainda é bem superior a média de outros países”, critica Prado.

Alguns setores industriais, que fazem uso intenso de energia, sentem mais fundo o peso da quarta tarifa mais cara do mundo – o Brasil só perde para a República Tcheca, Turquia e Itália. É o caso do setor de alumínio, onde a energia representa mais de 50% dos custos de produção, da indústria de vidro (40%) e de aço (em torno de 20%).

Perda real

Como, de fato, o alto custo de energia industrial afeta a competitividade da indústria brasileira? Para responder a essa pergunta, o estudo simulou alguns cenários. No setor têxtil, por exemplo, uma confecção de roupas com cerca de 60 empregados e produção essencialmente diurna, que consuma aproximadamente 36,3 mil kWh/mês, possui uma conta de energia elétrica da ordem de R$ 15 mil/mês, contra um valor médio da ordem de R$ 7 mil/mês de uma confecção similar em países como China e Índia, integrantes dos Brics.

Em um ano, segundo o estudo, a diferença na conta de energia (R$ 96 mil) permitiria a empresa brasileira adquirir duas máquinas de bordado ou contratar dois estilistas para atuar na criação e desenvolvimento de peças. “O setor têxtil brasileiro está sofrendo muito com India e China, e o que sempre se fala é que a culpa é do custo do trabalhador, mais barato naqueles países, mas não é bem assim”, afirma Prado. “Se conseguíssemos equalizar os custos de energia, as empresas nacionais teriam a possibilidade de aumentar o valor agregado de seus produtos e criar diferenciais de competitividade”, conclui.